Perto dos 40 sinto que já posso fazer uma introspecção a nível pessoal e, sobretudo, emocional. Analisar as nossas relações falhadas pode ser tão doloroso como raspar os cotovelos no alcatrão, e dar-nos uma visão tão óbvia das coisas como se tivéssemos andado por aí com umas lentes de dioptria 0.5 quando na verdade precisávamos de umas com 5.0. E eu demorei muito a ver e, sobretudo, a acreditar naquela que provavelmente é a mais cruel das verdades: quem gosta de nós trata-nos bem. É tão linear quanto isto, a menos que a outra metade da laranja tenha traços psicopatas. Quem gosta de nós importa-se, preocupa-se, procura-nos, liga-nos. Nunca fica sem bateria, nem sem rede, e nunca perde o celular convenientemente a meio de uma noitada. Quem gosta de nós quer estar connosco, independentemente do cansaço, do que tenha para fazer, da hora que for ou da chuva lá fora. Quem gosta de nós mostra-o. Faz planos. Apresenta-nos a família e os amigos. Quem gosta de nós pergunta-nos como foi o dia e ouve a resposta. Sabe qual é o nosso chocolate preferido e quando precisamos daquele abraço. Tira-nos uma fotografia só para poder ver-nos quando não estamos e liga-nos só para ouvir a nossa voz. Quem gosta de nós dorme melhor connosco e não vai embora sem um beijo de bons dias. Quem gosta de nós fica, e não nos deixa ir.
É esta a mais dura das verdades. Quem gosta não tem medo que seja maior do que um sentimento, nem vergonha mais forte do que uma declaração de amor. Nem sequer incerteza maior do que a vontade de ficar. Quem gosta até pode perder-se, mas sabe sempre para onde quer voltar.
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(¸.·´ (¸.·´ (¸.·¨¯``*•♥☆Yemmi™☆